Quem acompanha o Fluindo deve saber que me comprometi a compartilhar com os leitores um capítulo por mês do grande livro de Stephen Covey chamado O 8º Hábito. Portanto, este artigo é referente ao quinto capítulo do livro, chamado “Expresse sua voz interior – visão, disciplina, paixão e consciência.”
Caso queira ler o artigo anterior, referente ao capítulo 4 do livro, basta clicar aqui.
Neste capítulo do livro Covey nos apresenta a mais alta das manifestações de cada uma das quatro inteligências que uma pessoa pode desenvolver. Elas representam nossos mais elevados meios de expressar a própria voz.
Inteligência | Mais alta manifestação: | Incorpora também: |
Mental (QI) | Visão | idealismo, visão de longo prazo, antecipação do futuro, sonho, acreditar nas pessoas, pioneirismo, estabelecer expectativas, filosófico, realizador, pensador estratégico, original, esperançoso. |
Física (QF) | Disciplina | realismo, concentração, execução, constância, tomada de iniciativa, autonomia, dedicação, trabalho árduo, tenacidade, disposição para o sacrifício, autodisciplina, competência, coerência, decisão. |
Emocional (QE) | Paixão | otimismo, esperança, sinergia, coragem, ênfase, afirmação, inclusão, destemor, desafiador, sensível, motivador, engraçado, influente, bem-humorado, voltado as pessoas. |
Espiritual (QS) | Consciência | entusiasmo, intuição, responsável, moral, sábio, íntegro, serviço, humildade, justo, ético, inspirado, abundante, compaixão, respeitoso, voltado para causas. |
Visão
Stephen Covey nos mostra através de exemplos que todas as coisas são criadas duas vezes, ou seja, primeiro na mente e depois no mundo físico.
Isto me fez lembrar uma situação vivida por Roy Disney, irmão e sócio de Walt Disney. Como todos sabem Walt Disney criava pessoalmente a maioria das atrações de seus parques. Durante a construção do Walt Disney Word, uma de suas mais importantes obras, ele veio a falecer, não vendo a conclusão da obra. Na inauguração do parque um repórter parou ao lado de Roy Disney e comentou “É uma pena que Walt não tenha vivido para ver isto” e Ron respondeu “Muito pelo contrário, ele foi o primeiro a ver… em sua mente”.
Este exemplo ilustra bem como Visão é ver com os olhos da mente o que é possível nas pessoas, nos projetos, nas causas e nos empreendimentos. É criar antes de criar fisicamente.
Visão ocorre no momento em que nossa mente junta a necessidade com a possibilidade. Covey sugere que façamos algumas perguntas para testarmos nossa Visão:
- A visão inclui minha voz, minha energia, meu talento especial?
- Traz um sentimento de vocação, uma causa que mereça minha dedicação?
Visão é bem mais que realizar coisas, cumprir tarefas, alcançar um objetivo. Uma Visão deve expandir nossa visão sobre os outros, afirmá-los, acreditar neles e ajudá-los a descobrir e realizar o potencial que trazem dentro deles. Há um grande poder em cultivar o hábito de ver as pessoas por meio de seu potencial e de suas melhores ações e comunicar-lhes com frequência e sinceridade a confiança que temos nelas.
Se quisermos realizar a Visão de nossa mente no mundo físico devemos aprender a sermos lideres: “Ser uma luz para as pessoas, e não um juiz. Ser um modelo, e não um crítico.”
Disciplina
Como vimos anteriormente, tudo é criado duas vezes, primeiro na mente e depois no mundo físico. A Disciplina representa esta segunda criação. É a mais alta manifestação da inteligência física, que ocorre quando a visão se junta à dedicação.
Liderar é a capacidade de traduzir Visão em Realidade. (Warren Bennis)
A Disciplina representa a execução, o fazer acontecer, o sacrifício de fazer o necessário para concretizar a visão. É literalmente pagar o preço da transformação da visão em realidade. Segundo Stephen Covey pode também ser vista como a subordinação do prazer de hoje em prol de um bem maior no longo prazo.
Aquele que nunca sacrificou um bem presente em prol de outro futuro, ou um bem pessoal a outro geral, só pode falar de felicidade como o cego fala da cor. (Horace Mann)
Quando vamos executar alguma visão temos que estar aptos a lidar com os fatos difíceis, pragmáticos, brutais da realidade e fazer o necessário para que as coisas aconteçam. Uma das principais qualidades das pessoas de sucesso é fazer coisas que os outros não gostam de fazer. Os bem sucedidos também não gostam de fazê-las, mas esse “não gostar” é dominado pela força de seu propósito.
Paixão
É definida por Stephen Covey como o fogo que alimenta a disciplina para a realização da visão. É a força que vem do coração e se manifesta como otimismo, empolgação, conexão emocional e determinação.
Aristóteles já dizia que “Onde se cruzam os talentos e as necessidades do mundo é que está nossa vocação“, ou seja, o fundamental para desenvolvermos nossa Paixão é descobrir nossos talentos e nosso papel e propósito no mundo.
Quando a vida, o trabalho, a diversão e o amor giram em torno da mesma coisa, aí temos a paixão. (Stephen Covey)
Consciência
É nossa bússola moral que orienta a Visão, a Disciplina e a Paixão. Para Stephen Covey, é a voz de Deus que fala a seus filhos, independente da religião ou crença de cada um. A Consciência nos mostra o que é certo e o que é errado, e é o impulso para buscarmos sentido e contribuição.
Esta pequena voz interior que nos fala de Princípios e nos ensina que os fins e os meios são inseparáveis. O filosofo Emanuel Kant já defendia que os meios usados para atingir os fins são tão importantes quanto os próprios fins. Gandhi também ilustrou a importância dos meios através de sete exemplos de fins atingidos mediante meios sem princípios que podem destruir um homem:
- Riqueza sem trabalho
- Prazer sem consciência
- Conhecimento sem caráter
- Comércio sem moralidade
- Ciência sem humanidade
- Adoração sem sacrifício
- Política sem princípios.
Mas serão realmente os meios tão importantes quanto os fins, ou isto não passa de espiritualidade ou filosofia de paz? Para exemplificar isto, Covey nos lembra da história de Adolf Hitler, que tinha uma Visão forte, era muito Disciplinado e Apaixonado, porém não tinha Consciência. Hitler é um caso extremo que nos demonstra como fins não embasados em Princípios acabam sendo pouco duradouros, ou como diz Covey “Logo viram pó”.
Outro exemplo dado no livro, esse sim mais prático e corriqueiro, é da mãe que diz aos filhos para arrumar o quarto e, se o fim desejado for um quarto limpo, será isso que conseguirá. Mas serão os meios que ela utilizar para fazer isto que ditarão o tempo que este quarto ficará limpo e principalmente influirão na qualidade da relação mãe-filho.
As 4 inteligências e suas mais altas manifestações.
O quadro abaixo nos ajuda a compreender a maneira como Stephen Covey compreende uma vida integral (corpo, mente, coração e espírito) com quatro necessidades básicas (viver, aprender, amar, e deixar um legado) e quatro inteligências (física, intelectual, emocional e espiritual) e suas manifestações mais elevadas (disciplina, visão, paixão e consciência) que, em seu conjunto, representam as quatro dimensões da voz (necessidade, talento, paixão e consciência).
À medida que respeitamos, desenvolvemos, integramos e equilibramos as quatro inteligências e suas manifestações mais elevadas, a sinergia entre elas acende o fogo interior e encontramos nossa voz.
Covey ao final do capítulo propõem um desafio para encontrarmos nossa Voz: escolher dois ou três dos principais papéis de nossa vida e, para cada um deles, responder as seguintes perguntas:
- Que necessidade sinto (em minha família, comunidade, organização em que trabalho)?
- Tenho algum talento verdadeiro que, se disciplinado e aplicado, pode atender à necessidade?
- A oportunidade de atender à necessidade desperta minha paixão?
- Minha consciência me leva a agir e me envolver?
Responder a estas questões e desenvolver um plano de ação nos ajudará a encontrar nossa verdadeira Voz.
Este artigo se trata de um pequeno resumo do capítulo 5 do livro “O 8º Hábito” de Stephen Covey. Saliento que a leitura do mesmo jamais substitui a leitura do original, que contém diversos exemplos e aprofunda conceitos fundamentais.
Não perca a análise do capítulo 6 no próximo mês. Abraço…