No décimo capítulo do livro “O 8º Hábito”, intitulado “Combinando vozes – a busca da terceira alternativa”, Stephen Covey apresenta sua teoria do ganha-ganha, ou seja, a busca da Terceira Alternativa.
Um dos maiores desafios da vida com certeza é saber lidar com os conflitos – lidar com as diferenças humanas. Possuir a habilidade de lidar com essas diferenças de modo sinérgico, criando a Terceira Alternativa, é uma competência essencial para qualquer líder que deseja formar uma equipe complementar eficaz.
A capacidade e a habilidade para gerar a cooperação criativa que resulte na Terceira Alternativa se constroem sobre os alicerces da autoridade moral, no plano pessoal, e da confiança, nos relacionamentos. Mas afinal, o que é a Terceira Alternativa?
É o mais puro produto do esforço criativo que surge da sobreposição das vulnerabilidades de duas ou mais pessoas. A Terceira Alternativa é aquela que não é a sua nem a minha: é a nossa. Não é uma conciliação a meio caminho entre a minha e a sua solução, é melhor do que um acordo, e melhor que qualquer uma das duas alternativas individuais.
A atitude mental para buscar a Terceira Alternativa
A Terceira Alternativa começa com o pensamento ganha-ganha, que parte do princípio do respeito e benefício mútuo. Diferente do que muitas pessoas acreditam, Covey nos demonstra através de exemplos que não é necessário que as duas pessoas tenham o pensamento ganha-ganha, basta que uma pense deste modo. Isso ocorre pois a cooperação criativa só aparece quando a sinergia já está estabelecida.
O primeiro passo é preparar o outro para isso, pela prática da empatia e escuta profunda, buscando primeiro o interesse dele, e manter-se nessa posição coerentemente até que a outra pessoa se sinta confiante.
É preciso um considerável sucesso no nível pessoal para chegar ao ponto em que a segurança está dentro de nós mais do que na opinião dos outros. Nosso sistema de valores, baseado em nossos princípios, nos torna invulneráveis e seguros, e assim podemos nos permitir a busca sem saber onde iremos parar – sabemos apenas que será melhor do que o lugar de onde nós e a outra pessoa saímos.
Habilidades para a busca da terceira alternativa
A comunicação é a mais importante habilidade da vida, seja ela através da leitura, escrita, fala ou escuta. Destas 4 formas de comunicação, a escuta é sem dúvida a menos treinada pelas pessoas, apesar de representar entre 40% e 50% de nosso tempo de comunicação.
A escuta é classificada em 5 níveis por Stephen Covey:
- Ignorar
- Fingir escutar (condescendência)
- Escutar seletivamente
- Escutar atentamente
- Escutar com empatia
Escutar verdadeiramente é escutar com empatia, estar sinceramente aberto e ouvir a outra pessoa para poder entender o que o outro vê e por que vê o mundo desse jeito. Entender neste caso não significa concordar com os outros. Significa apenas ser capaz de ver com os olhos, o coração, a mente e o espírito da outra pessoa.
Devemos ter a consciência de que o que experimentamos antes de ser apresentados à nova informação matiza a maneira como olhamos para ela. Precisamos sempre lembrar que não vemos o mundo como ele é, nós o vemos como somos. As percepções são estabelecidas muito antes dos esforços para criar sinergia.
Outro ponto importante da comunicação é termos a consciência de que não há uma única maneira de interpretar algo. O desafio está em propiciar uma visão compartilhada que considere exata e honestamente todos os pontos de vista diferentes e que ainda assim permaneça fiel à visão original.
Covey salienta também a força da semântica nas quebras de comunicação, dizendo que 90% dos problemas de comunicação estão relacionados a definições diferentes que as pessoas dão às palavras.
Técnica do Bastão Falante dos Nativos Americanos
Entre os índios americanos existiu uma prática eficaz para resolver problemas de comunicação em suas reuniões: a utilização de um bastão de madeira que era entregue a pessoa que iria falar, e que só era passado adiante quando a mesma se sentisse completamente compreendida por seus ouvintes. Este Bastão obrigava os ouvintes a prestarem atenção ao orador e compreende-lo para terem mais tarde a chance de falarem também.
Stephen Covey nos mostra como podemos utilizar esta técnica hoje em dia a fim de tornarmos a comunicação mais franca e eficaz. Independente de utilizarmos um bastão ou qualquer outro objeto físico para demonstrarmos que certa pessoa está com a palavra, as lições do Bastão Falante devem ser aplicadas na busca da Terceira Alternativa através da escuta com empatia.
No final do capítulo Covey nos mostra como a maioria das disputas poderiam ser evitadas e resolvidas por meio da Terceira Alternativa, ao invés da terrível e destrutiva tendência de recorrer a tribunais por qualquer motivo. Segundo o autor uma cultura litigiosa não é saudável para a sociedade, destrói a confiança, resulta em terríveis modelos e, na melhor das hipóteses, termina num acordo.
A Terceira Alternativa é a melhor forma de resolver as diferenças, pois seu resultado oriundo de um esforço criativo sinérgico é melhor do que a soma das alternativas apresentadas inicialmente por cada indivíduo.
Este artigo se trata de um pequeno resumo do capítulo 10 do livro “O 8º Hábito” de Stephen Covey. Saliento que a leitura do mesmo jamais substitui a leitura do original, que contém diversos exemplos e aprofunda conceitos fundamentais.
Não perca a análise do capítulo 11 no próximo mês…