Há um tempo constatei em mim um comportamento que provavelmente já tinha há anos e nem sabia, e que estava atrapalhando muito tanto minha vida profissional quanto pessoal: criticar demasiadamente os outros.
Criticar, em minha opinião, muitas vezes é uma necessidade que temos de moldar os outros, fazer com que as pessoas com quem nos relacionamos ajam e pensem como nós, enfim, vejam o mundo como nós o vemos.
No meu caso, estava tão habituado a criticar, corrigir, “ensinar” que nem me dava conta. Só fui perceber este mau hábito quando uma pessoa bastante íntima me chamou ironicamente de “mestre”.
Na hora fiquei irritado e ignorei, mas depois, em um daqueles momentos de reflexão noturna antes do sono vir, percebi que a pessoa que me “ofendeu” estava correta: constatei que eu realmente tinha o péssimo hábito de criticar em excesso as pessoas.
Com isto, resolvi fazer um Desafio de 30 Dias para tentar mudar este hábito. Comprometi-me a ficar 30 dias sem criticar.
A primeira semana
Quando faço um Desafio de 30 Dias, procuro sempre manter um diário bem simples (na verdade uma tabelinha no Excel) com o dia e alguns comentários sobre o Desafio, o que me permite monitorar o progresso e conhecer melhor as dificuldades que aparecem pelo caminho.
Logo na primeira semana percebi algo muito importante: as pessoas que eu costumava criticar eram sempre as mesmas. E além de serem as mesmas, eram as com quem tinha um relacionamento mais intenso.
Também na primeira semana percebi o quanto eu estava acostumado a criticar, pois quando se tem como objetivo mudar um hábito, ai mesmo é que ele parece insistir em aparecer a todo o momento.
A crítica e o estresse
Ao longo do meu Desafio de 30 Dias, percebi o quanto minha mania de criticar estava intimamente ligada ao estresse. Em dias que eu estava relaxado, dificilmente sentia a necessidade de moldar alguém, porém quando estava sob estresse, o hábito parecia aflorar, parecia haver erros, imperfeição e equívocos em todos os lugares – como diz a sabedoria popular “eu procurava pêlo em ovo”.
A grande descoberta
Na última semana do Desafio notei que já estava me acostumando a controlar minha boca, e percebi também que a crítica nem sempre era uma coisa ruim, algo que devia ser evitado. Em muitos casos, ela é necessária.
Vi que a crítica do bem existia, e era aquela que acrescentava algo a vida das pessoas, que era relevante, e principalmente bem feita. Para melhorar a aceitação dos outros a minhas críticas construtivas, comecei a chamá-las de Feedback do Bem.
Exemplos de críticas: criticar a sua namorada por sua geladeira estar muito cheia acrescenta algo a vida dela ou a sua? Criticar a cor da camisa de um colega de trabalho é algo importante para você ou para ele? Provavelmente a resposta as duas perguntas acima é um grande NÃO.
Exemplos de Feedback do Bem: criticar o elevado consumo de bebida alcoólica de um familiar é importante? Criticar a forma agressiva com que seu amigo trata o filho é algo relevante?
Não importa como você chamar a crítica construtiva, o que importa é perceber a diferença.
Algumas técnicas de Feedback do Bem
Uma boa técnica para criticar com propriedade é começar fazendo um elogio. Mas cuidado para não enrolar demais ou parecer falso, senão vai estragar tudo. Comece falando com sinceridade de algum ponto forte da pessoa ou de algo bacana que ela realizou em sua vida, depois faça sua crítica relevante.
Outro princípios do Feedback do Bem que procuro sempre aplicar é o timming. Ou seja, criticar na hora certa. Procure não criticar no calor da hora, nem deixar muito tempo passar, senão a crítica perde o sentido.
Por último, e não menos importante, é o lugar onde ocorre a crítica. Evite ao máximo criticar qualquer pessoa na frente de outras, pois isso só vai causar um mal estar entre vocês, podendo evoluir até uma grande “lavação de roupa suja” em público.
Faça críticas construtivas. Jamais dê sermões.
Uma resposta para “Feedback do Bem”
É notável como o Desafio dos 30 faz diferença, hein?
Nesta segunda-feira vou começar um: não comer grãos, porcaria, açúcar e beber refrigerantes. Vai ser difícil…