O desafio da liderança – O 8º Hábito


O capítulo 6 – intitulado “Inspire os outros a encontrar as vozes deles: o desafio da liderança” – abre a segunda parte do livro “O 8º Hábito – da eficácia a grandeza”, onde Covey aborda o domínio da liderança. Sendo um capítulo introdutório, ele apresenta basicamente o que o leitor irá encontrar no restante do livro, e principalmente alguns conceitos necessários para a compreensão profunda do assunto.

Abaixo analisaremos cada conceito e colocação do autor:

Leia também o Capítulo 4 – Encontre a sua voz interior – presentes de nascença não abertos.

Leia também o Capítulo 5 – Expresse sua voz interior – Visão, Disciplina, Paixão e Consciência.

Liderança

Segundo Stephen Covey, diferente do que muitas pessoas pensam a liderança não é uma posição, e sim uma intenção proativa de afirmar o valor e o potencial daqueles que estão em torno de nós e uni-los como uma equipe complementar, num esforço de aumentar a influência e o impacto da organização e das causas de que fizemos parte.

Sua definição resumida de liderança é:

Liderar é comunicar às pessoas seu valor e seu potencial de forma tão clara que elas acabem por vê-los em si mesmas. (Stephen R. Covey)

Além de sua própria definição de liderança, Stephen Covey apresenta ainda no final do livro um apêndice com uma espécie de linha de evolução das teorias relativas à liderança, onde expõe conceitos de diversos outros autores que estudam o assunto desde o início do século XX.

As organizações

Organizações nada mais são do que a combinação de esforços de duas ou mais pessoas que tem por finalidade realizar propósitos comuns. Casamentos, empresas, times e religiões são alguns exemplos de organizações, o que nos leva a constatar que praticamente todas as pessoas fazem parte de ao menos uma organização, e por esse motivo Covey na segunda parte do livro tem como objetivo ajudar o leitor a aumentar substancialmente sua influência e a de sua organização.

O maior desafio de qualquer organização é se estabelecer e funcionar de modo que permita a cada pessoa sentir interiormente seu valor inato e seu potencial de grandeza e de participação com seus talentos e paixões (ou seja, expressar sua voz), para atingir o propósito e as mais altas prioridades da organização, de forma centrada em princípios – Covey chama isso de DESAFIO DA LIDERANÇA.

Todas as organizações estão repletas de problemas, e esses em sua maioria são muito parecidos. A fim de lidar com eles é preciso estudar a natureza humana, e não somente tentar entender o comportamento organizacional. Pois na realidade não há comportamento organizacional, e sim comportamento individual coletivizado nas organizações. Entretanto, é preciso ter a visão da pessoa integral (corpo, mente, espírito, coração) para entender e resolver os problemas que enfrentamos nas organizações.

Desafios significativos não podem ser resolvidos por pequenos programas quebra-galho simplistas ou por slogans e fórmulas aparentemente psicológicas. Precisamos ganhar uma compreensão da natureza e raiz do problema com que nos deparamos nas organizações e, do mesmo modo, ganhar esse conhecimento examinando os princípios que regem as soluções, incorporando ao nosso caráter a nova mentalidade e o novo conjunto de habilidade que representam.

Os principais problemas com que nos deparamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento que tínhamos quando os criamos. (Albert Einstein)

Gerenciamento x Liderança

A maioria de nós já deve ter visto dezenas de vezes o quadro que representa a diferença entre o líder e o gerente, que diminui a importância do gerenciamento e enobrece a liderança. Diferente de muitos outros estudiosos de liderança, Covey defende que ambos são vitais para a manutenção e crescimento de qualquer organização – “qualquer deles sem o outro é insuficiente”.

Essa constatação se dá a partir do simples fato de que não podemos liderar coisas. Não podemos liderar estoque, fluxo de caixa, custos, processos… Coisas devem ser gerenciadas e pessoas lideradas.

Os 7 abalos sísmicos globais que caracterizam a nova Era do Trabalhador do Conhecimento

  1. A globalização dos mercados e das tecnologias – novas tecnologias estão transformando a maioria dos mercados locais em globais.
  2. O surgimento da conectividade universal – os canais de comunicação exclusivos, estreitos, ligados fisicamente, que unem pessoas ou empresas estão se tornando obsoletos.
  3. A democratização das informações/expectativas – A voz do espírito humano soa em milhões de conversações não-editadas que se espalham sem fronteiras. Ninguém gerencia a Internet.
  4. Um aumento exponencial da concorrência – as tecnologias da Internet tornaram qualquer pessoa conectada um concorrente potencial.
  5. A transferência da criação de riqueza do capital financeiro para o capital intelectual e social – mais de dois terços do valor agregado aos produtos provêm do trabalho do conhecimento.
  6. Liberdade de ação – o mercado de emprego está se tornando um mercado de autônomos e as pessoas percebem cada vez mais opções. Os trabalhadores do conhecimento resistirão aos esforços gerenciais para rotulá-los e cada vez mais estarão determinados a se rotular.
  7. Turbilhão permanente – vivemos em um ambiente que está em constante agitação, por isso cada pessoas precisa de algo dentro de si que oriente suas decisões.

Os 4 problemas crônicos e seus sintomas agudos

Qualquer paradigma que se preze deve ter a capacidade de explicar e prever. Covey nos mostra neste capítulo como seu Paradigma da Pessoa Integral explica, prevê e diagnostica os maiores problemas de nossa vida e de nossas organizações.

Podemos utilizar o paradigma de Stephen Covey para começar a resolver nossos problemas, expandindo nossa influência para criar equipes ou organizações de alto desempenho e altamente confiáveis – ou seja, organizações capazes de se concentrar em suas mais altas prioridades e executá-las coerentemente.

Com o Paradigma da Pessoa Integral somos capazes de detectar os problemas crônicos e agudos que surgem quando uma organização negligencia a mente, o corpo, o coração ou o espírito de seu pessoal. Vamos testá-lo em um ambiente organizacional:

Quando negligenciamos… Problema crônico Sintomas agudos
Espírito/Consciência Falta de confiança Calúnia, brigas internas, vitimização, atitude defensiva, sonegação de informações.
Mente Ausência de visão/valores compartilhados Ambiguidade, pautas ocultas, politicagem, caos.
Corpo Desalinhamento Rivalidade interdepartamental, co-dependência, hipocrisia evidente, desalinhamentos solucionáveis.
Coração Enfraquecimento Apatia, bicos, devaneios, tédio, escapismo, raiva, medo.

Alguns dos resultados da negligência de espírito, mente, corpo ou coração são a baixa qualidade, custos inchados, inflexibilidade, lentidão, fracasso nos mercados e fluxo de caixa negativo.

A solução da liderança nas organizações

A decisão de inspirar os outros a encontrar a própria voz nos leva diretamente ao bojo dos quatro problemas organizacionais crônicos que decorrem do atual modelo da Era Industrial.

Cada um que encontrou a própria voz tem poder para reescrever o inadequado software da Era Industrial que vigora nas organizações: “chefe, regras, eficiência, controle”.

Solução na Era Industrial Solução na Era do Conhecimento
Espírito Chefe Modelar a integridade para gerar confiança.
Mente Regras Descobrir caminhos para criar uma visão e valores comuns.
Corpo Eficiência Alinhar objetivos, estruturas, sistemas e processos, a fim de incentivar o fortalecimento das pessoas e da cultura de forma a atender a visão e os valores.
Coração Controle Fortalecer (empowerment) as pessoas e as equipes em termos de projeto ou cargo.

Os quatro papéis do líder da Era do Conhecimento são simplesmente as quatro qualidades da liderança pessoal, só que em versão ampliada – visão, disciplina, paixão e consciência:

  • Consciência (MODELAR): dar um bom exemplo.
  • Visão (DESCOBRIR CAMINHOS): determinação conjunta do trajeto.
  • Disciplina (ALINHAR): estabelecer e gerenciar sistemas para manter o rumo.
  • Paixão (FORTALECER): focar o talento nos resultados, não nos métodos, então sair do caminho das pessoas e ajudá-las quando for solicitado.

Este artigo se trata de um pequeno resumo do capítulo 6 do livro “O 8º Hábito” de Stephen Covey. Saliento que a leitura do mesmo jamais substitui a leitura do original, que contém diversos exemplos e aprofunda conceitos fundamentais.

Não perca a análise do capítulo 7 no próximo mês. Abraço…


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